A política no interior é como novela boa: cheia de capítulos inesperados, personagens que voltam do nada e reviravoltas que ninguém ousaria escrever. Quem não acompanha de perto acha exagero, mas quem vive sabe que aqui a ficção nunca supera a realidade.
Sou Leonardo Mascarenhas, advogado criminalista, colunista do ConquistaNews, e agora também escrevo para o SG1 Bahia – Portal de Comunicação e Propaganda. Não sou político, mas alguém politizado. Escrevo por apreço à região e por ter nela inúmeros amigos, mas principalmente porque a política local tem nuances que merecem ser contadas sem maquiagem.
Em Ibicuí, Salomão Cerqueira venceu por apenas 137 votos. Foi quase um empate, uma vitória que caberia numa mesa de bar. O desafio agora é governar sob forte pressão judicial e política, numa administração em que cada passo precisará ser medido para não transformar fragilidade eleitoral em fragilidade de gestão.
Em Iguaí, Dr. Davi venceu com folga, mas administra com frieza. Parece confundir política com prontuário: muito protocolo, pouca presença. O povo começa a sentir falta de calor humano, e nesse vácuo cresce a possibilidade de Roni Moitinho voltar com força. Em municípios pequenos, distância não é estratégia, é convite para que velhas lideranças ressuscitem.
Em Nova Canaã, não houve exatamente renovação. Dói Rocha, empresário, chegou apoiado pelo antecessor e surfou no bairrismo que tomou conta da campanha. O discurso era direto: “o candidato é filho da terra, a outra não”. E funcionou. Magna Chaves, natural de Rio de Contas e esposa de Roni Moitinho, foi carimbada como “estrangeira” e pagou caro por isso. O sentimento local derrotou a vontade de Roni de juntar Iguaí e Canaã em um projeto de poder pessoal. Ele sonhou ser rei de dois reinos, mas terminou perdendo os dois: Iguaí e Nova Canaã.
Ao assumir, Dói enfrenta o desafio de provar que a experiência administrativa adquirida no setor privado pode dar certo na vida pública. Até aqui, vai mostrando que é possível transferir práticas empresariais para a gestão municipal, e por isso tem recebido elogios de parte da população. A expectativa é se essa adaptação seguirá firme ou se o peso da máquina pública acabará mostrando que política e empresa nem sempre falam a mesma língua.
Esses três municípios vizinhos formam um quadro curioso. Em Ibicuí, o prefeito governa olhando de lado para a Justiça. Em Iguaí, a gestão fria pode esquentar o palanque da oposição. Em Nova Canaã, a identidade local falou mais alto do que alianças políticas regionais, e a nova administração tenta provar que a lógica empresarial pode, sim, funcionar no espaço público. O sudoeste baiano mostra que cada município tem sua fórmula, mas todos compartilham da mesma regra: aqui, urna decide, mas cochicho governa.
Escreverei aqui de forma isenta, mas sem perder o tom crítico e, quando necessário, ácido. Porque política não se entende só com números, mas com leitura de ambiente, com humor, com ironia. É assim que pretendo conversar com vocês sobre a política local, nacional, internacional e outros assuntos que fazem parte da nossa vida em sociedade.
Por: Leonardo Mascarenhas
Vivendo e respirando o Direito há mais de 21 anos